LIVREIRO

13/07/2010 18:27

  

Mas vamos lá. Por trás das respostas simples existem milhares de complexidades que nos levam até a simplicidade.

Uma das coisas mais fascinantes por trás da leitura – incluo aí papiros, livros, revistas e blogs – é que, por mais que o autor tenha pensado em uma multidão no momento de escrever, a experiência do leitor é individual.

É com você que ele está falando e mais ninguém.

Agora pense que essas letras, que se somam em frases, parágrafos e capítulos que deslizam sob seus olhos, constituem a tentativa de tradução – mais ou menos bem sucedida – do pensamento de um homem também único. Tentativa que talvez tenha atravessado dezenas ou centenas de anos até cair em suas mãos.

Assim, a leitura é uma espécie de milagre – não no sentido místico da palavra, por favor -, em que a voz viva de alguém singra gerações e chega até você.

Portanto, você não está apenas compartilhando algo com aquele homem ou com aquela mulher que escreveu tais palavras – o que por si só já seria incrível -, mas com todas as gerações de leitores que em algum momento se identificaram com aqueles escritos. E que, assim – vivendo uma experiência extremamente individual, que é a leitura -, garantiram que eles se perpetuassem.

Agora, você deve estar pensando, e as novas leituras?

Relativamente a você, as novas leituras são o processo inverso, mas igualmente incrível.

Nesse caso, um autor fala diretamente a você. Mas poderá, de acordo com a aprovação, das décadas e dos séculos, falar também com os leitores futuros. Isso acontecendo, estará estabelecido o mesmo laço que houve entre você e os leitores seus ancestrais.

Ler é uma maneira sutil de estar na humanidade e compartilhar histórias, emoções e conhecimentos, não só em termos de abrangência geográfica e não só no presente, mas também no passado e no futuro.

Os leitores – ainda que de forma mais diluída, por serem mais numerosos – marcam tanta presença na literatura, em seu sentido amplo, quanto os autores.

Olhando desse modo, meu pai está certo. Lê-se para conhecer outras coisas: quem fomos, quem somos e quem seremos.

Afinal, nas coisas e na maneira de nomeá-las reflete-se o homem. Na leitura, reflete-se o leitor.

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